A PRÁTICA DA AUTO-OBSERVAÇÃO
(Profº Maurício)

A capacidade de auto-observação se constitui numa faculdade completamente atrofiada na maioria de nós seres humanos comuns e correntes. Porém todos nós podemos desenvolvê-las mediante a sua exercitação.

Auto-observação se define como sendo a capacidade se observar os eus psicológicos componentes do ego reagindo nos cinco cilindros da nossa máquina humana: intelectual, emocional, instintivo, motriz e sexual.

A auto-observação de si mesmo se constitui numa prática fundamental da gnose. Ela é a base de tudo! Se agente falha nesta prática, consequentemente, fracassa nas demais. O VM. Rabolú disse textualmente que ao examinar os estudantes gnósticos, dos quatro cantos do mundo, não havia ninguém fazendo esta prática corretamente. Daí que todo mundo estava fracassando no caminho de revolução da consciência.

Portanto, quem quiser triunfar de fato no caminho e alcançar liberação da roda do Samsara, deverá fazer a prática da auto-observação, em sua plenitude, de instante a instante, como nos ensina o VM. Samael Aun Weor.

Para aplicarmos a técnicas de dissolução dos nossos agregados psicológicos, triunfarmos na aplicação do primeiro fator de revolução da consciência e verdadeiramente morrermos para os nossos defeitos, temos que observar a atuação de cada eu em cada um dos cinco cilindros da máquina humana: no intelectual, no emocional, no motriz, no instintivo e no sexual. Portanto, auto-observar-se é enxergar a atuação dos agentes psicológicos nos cincos centros da máquina humana, de instante a instante.

Para a auto-observação faz-se necessário recordar-se de si mesmo, jamais se esquecer de si mesmo, de instante a instante. Não identificar com as coisas da vida diária, não identificar com nada, pois tudo que está ai é coisa que a natureza coloca a nosso alcance, como um brinquedo, para a gente se identificar e permanecer estancado na mecânica do disco de Hariton, como nos disse o VM. Rabolú.

Como disse o V.M. Rabolú a auto-observação se constitui numa prática fundamental, que quando feita continuamente permite a conexão da gente com a gente mesmo, permite a gente estar pendente da gente mesmo, de instante a instante.

Para estudarmos mais sobre auto-observação, vamos analisar os textos, abaixo, extraídos do livro “Tratado de Psicologia Revolucionária” do VM. Samael Aun Weor”:

“A auto-observação íntima de si mesmo é um meio prático para lograr uma transformação radical. Conhecer e observar são diferentes. Muitos confundem a observação de si com o conhecer. Temos conhecimento que estamos numa cadeira em uma sala; mas isto não significa que estejamos observando a cadeira; Conhecemos que, num dado instante, nos encontramos num estado negativo; talvez com algum problema ou preocupados com este ou aquele assunto; ou em estado de desassossego ou incerteza, etc. Mas isto não significa que o estejamos observando.

Sente você antipatia por alguém? Cai-lhe mal certa pessoa? Por quê? Você dirá que conhece essa pessoa.... Por favor! Observe-a; conhecer nunca é observar; não confunda o conhecer com o observar....A observação de si, que é cem por cento ativa, é um meio de mudança de si; enquanto conhecer, que é passivo, não o é. Certamente, conhecer não é um ato de atenção. A atenção dirigida para dentro de nós mesmos, para o que está sucedendo em nosso interior, sim, é algo positivo, ativo...

No caso de uma pessoa pela qual se tem antipatia, assim porque sim, porque nos vem na gana e, muitas vezes, sem motivo algum, advertimos a multidão de pensamentos que se acumulam na mente, o grupo de vozes que falam e gritam desordenadamente dentro de nós mesmos, o que estão dizendo, as emoções desagradáveis que surgem em nosso interior, o sabor desagradável que tudo isto deixa em nossa psique, etc., etc., etc. Obviamente, em tal estado nos damos conta, também, de que interiormente estamos tratando muito mal a pessoa pela qual temos antipatia. Mas para ver tudo isto, necessita-se, inquestionavelmente, de uma atenção dirigida intencionalmente para dentro de si mesmo; não de uma atenção passiva.

A atenção dinâmica provém, realmente, do lado observante, enquanto os pensamentos e as emoções pertencem ao lado observado. Tudo isto nos faz compreende que o conhecer é algo completamente passivo e mecânico, em contraste evidente com a observação de si, que é um ato consciente. Não queremos, com isto, dizer que não existe a observação de mecânica de si; mas tal tipo de observação nada tem a ver com a auto-observação psicológica a que nos estamos referindo.

Pensar e observar são, também, muito diferentes. Qualquer sujeito pode dar-se ao luxo de pensar sobre si mesmo tudo o que quiser; porém isto não quer dizer que se esteja observando realmente. Necessitamos ver os diferentes eus em ação; Descobri-los em nossa psique; compreender que dentro de cada um deles existe uma porcentagem de nossa própria Consciência; arrepender-nos de havê-los criado, etc. Então exclamaremos: “Mas que está fazendo este eu? Que está dizendo? O que é que quer? Por que me atormenta com sua luxúria? Com sua ira?”, etc., etc., etc. Então veremos dentro de nós mesmos, todo esse trem de pensamentos, emoções, desejos, paixões, comédias privadas, dramas pessoais, elaboradas mentiras, discursos, escusas, morbosidades, leitos de prazer, quadros de lascívia, etc., etc., etc.

Muitas vezes, antes de dormirmos, no preciso instante entre a vigília e o sono, sentimos, dentro de nossa própria mente, diferentes vozes que falam entre si; são os diferentes eus que devem romper, em tais momentos, toda conexão com os diferentes centros de nossa máquina orgânica, a fim de submergi.

É muito claro e não resulta difícil compreender que, quando alguém começa a observar-se a si mesmo seriamente, desde o ponto de vista de que não é um, senão muitos, começa, realmente a trabalhar sobre tudo isso que carrega dentro.

São óbices, obstáculo, tropeço para o trabalho de auto-observação íntima, os seguintes defeitos psicológicos: Mitomania (delírio de grandeza, crer-se um deus). Egolatria (crença num eu permanente, adoração a qualquer espécie de alter ego). Paranóia (sabichonice, auto-suficiência, presunção, crer-se infalível, orgulho místico, pessoa que não sabe ver o ponto de vista alheio).

Quando se continua com a convicção absurda de que se é um, de que se possui um eu permanente, resulta algo mais que impossível o trabalho sério sobre si mesmo. Quem sempre se crê um nunca será capaz de separar-se de seus próprios elementos indesejáveis. Considerará cada pensamento, sentimento, desejo, emoção, paixão, afeto, etc., etc., etc., como funcionalismos diferentes, imodificáveis, de sua própria natureza e até se justificará ante os demais, dizendo que tais ou quais defeitos pessoais são de caráter hereditário.....Quem aceita a doutrina dos muitos eus compreende, à base de observação, que cada desejo, pensamento, ação, paixão, etc., corresponde a este ou outro eu distinto, diferente....

Qualquer atleta da auto-observação íntima trabalha muito seriamente dentro de si mesmo, se esforça por separar de sua psique os diversos elementos indesejáveis que carrega dentro....Se alguém de verdade e muito sinceramente começa a se observar internamente, acaba dividindo-se em dois: Observador e Observado. Se tal divisão não se produzisse, é evidente que nunca daríamos um passo adiante na via maravilhosa do autoconhecimento. Como nos poderíamos observar a nós mesmos se cometêssemos o erro de não querer dividir-nos em observador e observado? Se tal divisão não se produzisse, é óbvio que nunca daríamos um passo adiante no caminho do autoconhecimento. Indubitavelmente, quando esta divisão não ocorre, continuamos identificados com todos os processos do eu pluralizado.....

Quem se identifica com os diversos processos do eu pluralizado é sempre vítima das circunstâncias. Como poderia modificar circunstâncias aquele que não se conhece a si mesmo? Como poderia conhecer-se a si mesmo quem nunca se observou internamente? De que maneira poderia alguém auto-observar-se se não se divide, previamente, em observador e observado?

Agora, bem, ninguém pode começar a mudar radicalmente, enquanto não for capaz de dizer: “Este desejo é um eu animal que devo eliminar; este pensamento egoísta é outro eu que me atormenta e que necessito desintegrar; este sentimento que fere meu coração é um eu intruso que necessito reduzir a poeira cósmica;” etc., etc., etc. Naturalmente, isto é impossível para quem nunca se dividiu em observador e observado.

Quem toma todos os seus processos psicológicos como funcionalismos de um eu único, individual e permanente, encontra-se tão identificado com todos os seus erros, têm-nos tão unidos a si mesmo que perdeu, por tal motivo, a capacidade de separá-los de sua psique. Obviamente, pessoas assim jamais podem mudar radicalmente; são pessoas condenadas ao mais rotundo fracasso”.

 

QUESTÃO DE ESTUDO

Após a leitura deste texto clique aqui, assista aos vídeos da aula 09 e faça uma síntese conceitual do assunto, descrevendo a Prática da Auto-observação.

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