OS TIPOS DE CONHECIMENTOS E A SABEDORIA
(Profº. Maurício da Silva)

Quem é sábio conhece, e nem sempre quem conhece é sábio. As escolas convencionais formam conhecedores, cuja imensa maioria destes não se constituirá em sábios. A escolaca forma o  conhecedor intelectual, que se desenvolverá até no máximo em cinco faculdade da alma, enquanto que o sábio desenvolve as suas 12 falcudades, na escola e também além dos muros escolares. As escolas convencionais podem transmitir o conhecimento, mas não a sabedoria. Não se pode ensinar nada a um homem. “Só é possível ajudá-lo a encontrar a coisa dentro de si”(Galileu Galilei).

"A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós."(Marcel Proust)

No livro sagrado dos maias, CHILAM BALAM, vamos encontrar a cosmovisão maia e toda a sua sabedoria gnóstica, revestindo o edifício da sabedoria deste misterioso povo.

O edifício da sabedoria é construído com todos os tipos de conhecimentos epistêmicos e gnósticos. O Edifício da sabedoria se constrói com ações pragmáticas, com as ferramentas de Revolução da Consciência, através dos diferentes tipos de conhecimentos interligados holisticamente, de modo simultâneo e interdependentemente. Deste modo podemos inferir que somente através do interacionismo entre os diferentes tipos de conhecimentos é que o estudante poderá construir o edifício do saber e se tornar um sábio.

O conhecimento intelectual, que é de natureza tridimensional, limitadamente, nos capacita a compreender somente os aspectos tridimensionais das coisas de natureza física. Por isso quando veiculado através do sistema escolar convencional permite ao estudante chegar somente até o terceiro andar do Edifício da Sabedoria. Deste modo o conhecimento tetradimensional, que vai além do intelectual, veiculado pela Física Quântica, se constitui num mistério enigmático para a maioria dos seres humanos, por abordar as coisas da quarta coordenada, da quarta dimensão da natureza cósmica.

Entretanto, o conhecimento da Física Quântica só nos conduz até o quarto andar do Edifício da Sabedoria; para passar além daí e chegar até o sétimo andar do Edifício da Sabedoria há que se utilizar de outros tipos de conhecimentos, de outras faculdades mais aguçadas da cognitividade humana.

Defini-se convencionalmente conhecimento como sendo um idéia, uma ciência, uma noção precisa que temos de algum fato, lei, fenômeno, coisa, etc. Como por exemplos: conhecer o nome, o endereço de alguém; travar relacionamento com alguém; conhecer - um ministro, um embaixador; Saber conhecer o grego; ter grande prática em certas coisas; conhecer o mundo; provar, comprovar, experimentar; conhecer a miséria; Considerar; só conhece seu próprio interesse; Distinguir, apreciar, observar; Fazer-se conhecer, declinar o nome; fazer-se apreciar, adquirir reputação; Direito Ser competente para julgar;. Ter uma justa idéia de si próprio: "Conhece-te a ti mesmo", máxima de Sócrates. Possuir conhecimento é estar ciente de algum fato, de acontecimento, de fenômeno, de coisas, etc.

O conhecimento possui grande poder de transformação quando veiculado à consciência do educando, para a ampliação do seu limite de compreensão dos fenômenos cósmicos da natureza univérsica. O universo é, para cada um de nós, do tamanho do conhecimento que dele possuímos. Para uma pessoa que ignora a maioria dos fenômenos e leis da natureza, o seu horizonte é bem estreito. De acordo com a Psicologia Profunda, o percentual de consciência de cada um de nós está situado em torno de 3% de consciência e 97% de inconsciente. Dai que conhecemos muito pouco e ignoramos a maioria das coisas do cosmos. Temos um potencial cognitivo infinito a ser desenvolvido, a consciência e a compreensão por despertarem ainda. Para despertá-los podemos lançar mãos das técnicas configuradas através dos Três Fatores de Revolução da Consciência enunciados pela Gnosis.

Edgar Amorim em seu livro "Os sete saberes necessários à Educação do futuro", da Editora Cortez, faz um desafio cognitivo a todos os educadores empenhados em repensar os rumos da educação no séc. XXI, destacando sete saberes fundamentais à educação do futuro: as cegueiras do conhecimento; o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão; a ética do gênero humano.

O autoconhecimento é a mais alta forma de conhecimento que devemos buscas, pois nos confere auto-conceito e nos habilita ao conhecimento do universo e os seus deuses, nos parâmetros socrático. O autoconhecimento permite-nos conhecer compreender a nós mesmos, o que se constitui no ponto de partida para o reconhecimento e a compreensão de nossos semelhantes, para que possamos trilhar a trajetória do altruísmo e da generosidade humana.

O egocentrismo nos leva a self-deception, a enganação de si próprio, provocada pela evasiva, pela auto-justificação, pela auto-glorificação e pela tendência de atribuir culpa aos outros por todos os males.

Da ignorância de si mesmo nasce também a incompreensão de si, que se constitui na causa da incompreensão de outro.

Ao entrarmos em contato com alguma fonte de conhecimento não devemos aceitar de imediato e nem rechaçá-la de bate-pronto, como muito o fazem. Devemos analisá-la criteriosa e refletidamente, para a posterior tomar uma decisão acertada.

O termo conhecimento tem raiz na palavra gnose, que possui a sua origem etimológica no termo grego "gnosis". Mas não é apenas um conhecimento teórico e empírico (a "episteme" dos gregos), mas de caráter intuitivo e transcendental. O termo gnose designa um conhecimento profundo e superior do cosmo e do homem.

O Gnosticismo, que foi restaurado modernamente, em 1950, por Samael Aun Weor, se constitui num movimento do conhecimento, histórico, que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose, com influências do neoplatonismo e dos pitagóricos.

A partir da noção da origem, do significado e da definição do conhecimento devemos construí-lo dentro de nós mesmos, e à medida que o construímos devemos compartilhá-lo com os nossos semelhantes que anelam sabedoria, que são sequioso pelo conhecimento.

O conhecimento é poder e tem por objetivo nos levar à liberdade. Porém, há uma lei universal que diz que para nos libertarmos, primeiro temos que trabalhar intensivamente para a liberação de nosso próximo. Todo conhecimento consciente que adquirirmos por meios lícitos se constituirá em conquista definitiva para a nossa alma e ressurgirá conosco em outras dimensões do rincão cósmico.

Todo conhecimento que aplicarmos a serviço de nosso semelhante de maneira desinteressada e gratuita nos transforma em agentes da cultura da paz, defensores do bem, ente humanos do altruísmo. Por outro lado, quando aplicamos o conhecimento exclusivamente ao nosso serviço, sem se importar com a causa alheia, sem sacrifício pela humanidade, nos transformamos em expoentes do egocentrismo humano.

Sócrates asseverou, em matéria de conhecimento, que devemos partir do interior para o externo: "Conheça-te a ti mesmo que conhecerás o universo e os deuses".

A VM. Litelantes assegurou ao VM. Samael Aun Weor que o conhecimento é infinito. Por isto, quanto mais soubermos, mais dúvidas teremos. Para alguém que nada sabe, não tem dúvida de nada, está tudo certo! À medida que se vai sabendo, as dúvidas vão aparecendo, como afirmara Sócrates: "Eu só sei que nada sei" . Deus é extrema sabedoria, onisciência e quem o conhece de fato jamais tem a ambição e pseudoilusão de defini-lo de algum modo. Entretanto, que não o conhece, tenta defini-lo desesperadamente de todas as maneira, como nos ensina a sabedoria árabe.

Jesus Cristo é o Maestro do conhecimento, o Professor dos professores, que num extremo gesto de altruísmo nunca usou o poder que lhe era conferido pelo conhecimento a serviço de si mesmo, pelo contrário sacrifico a sua própria vida, para ensinar-nos o caminho da liberdade. Ele amava tanto o conhecimento que o transmitia gratuitamente a ricos e pobres indistintamente e nos deixou um mandamento que assim também deveríamos agir: "De graça recebestes( o conhecimento), de graça dai". Para ele o conhecimento era tão importante que o chamava de pérola, algo muito sagrado: "Não atirai pérola ( conhecimento ) aos porcos( pessoas fornicarias que não possuem relação nenhuma com o conhecimento ) e nem coisas sagradas aos cães"( gente que detesta o conhecimento ).

O conhecimento meramente teórico, destituído da prática, perde o seu real sentido e só serve para rechear a mente de conceitos e fragmentar a alma. Por outro lado, o conhecimento praticado confere pragmatismos, consciência e sabedoria ao estudante, constituindo-se numa autêntica ponte para a liberdade.

O conhecimento é diretamente proporcional ao grau de responsabilidade social que temos. Ampliar conhecimento significa ampliar responsabilidade para com a cidadania, para com a natureza, para com os seres vivos, para com o nosso semelhante.

O conhecimento escolar superficial antropocêntrico veiculado pelo sistema de ensino convencional, devido ao seu fragmentalismo, não concorre para a educação de ninguém. Posto que educar significa veicular um conteúdo significativo para transformação do educando para níveis de consciência mais elevados, para elevação de seu grau de seidade, etc. O conhecimento escolar calcado no cientificismo tem, na realidade, ajudado os bons se tornarem um pouco melhores e maus, cada vez piores. Se nossa pseudo-educação transforma o ser humano de verdade, teríamos políticos, advogados, juizes, etc., servido a humanidade e não haveria nenhum deles extorquindo o povo. Esta quantidade enorme de pessoas desonestas, imorais, ladrões, etc., que não se sacrificam pela humanidade, pelo contrário sacrificam-na, Por acaso não é composta de diplomados? Quando aprendemos a nos auto-conhecer, compreendemos a nossa real feiúra. A nossa insignificância ante a perfeição do criador.

Convencionalmente considera-se objetivo como sendo tudo aquilo que é relativo a objeto,é aquilo que existe independentemente do pensamento, que diz respeito ao mundo exterior, que se opõe a subjetivo, etc. Também pode ser usado para expor, investigar, criticar, baseando-se nos fatos e não nos sentimentos, isento de parcialidade, para fazer uma crítica objetiva, a fim de se atingir um alvo, um propósito, etc.

Convencionalmente temos objetividade quando somos dotados de qualidades daquilo que é objetivo, quando temos ausência de opinião preconcebida. Da mesma forma define-se objetivismo como sendo a crença na existência de uma realidade objetiva

Por outro lado define-se subjetivismo como sendo um sistema filosófico que só admite a realidade do sujeito pensante, o que consiste numa propensão para o que é subjetivo, numa tendência a considerar e avaliar as coisas de um ponto de vista meramente pessoal, recheada de individualismo.

Convencionalmente considera como subjetivo tudo aquilo que diz respeito ao sujeito, que se passa no íntimo do sujeito pensante, em oposição a objetivo, que diz respeito ao objeto pensado, que varia de acordo com o julgamento, os sentimentos, os hábitos etc. de cada um, individualmente.

No paradigma gnoseolístico considera-se subjetivo como sendo tudo aquilo que é atinente ao ego. Do mesmo modo, considera-se objetivo tudo aquilo que se conecta à consciência.

Podemos construir o conhecimento ao incorporar em nossa estrutura cognitiva um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer, através de relacionamentos interpessoais, das leituras de livros, de artigos diverso, etc.

Nós os seres humanos podemos deixar de ser meros reprodutor do conhecimento, ao reconstruí-lo através da capacidade cognitiva de recriação e transformação do conhecimento existente que temos.

Existem diversos tipos de conhecimentos: alo-conhecimento, auto-conhecimento, conhecimento inato, empírico, filosófico, teológico, científico, sistematizado, do senso comum, subjetivo, objetivo, exotérico, esotérico, mesotérico, pseudo-esotérico, etc.

Alo-conhecimento é o conhecimento que adquirimos do mundo exterior, é o conhecimento que temos das coisas externas, da natureza, do meio ambiente, de tudo aquilo que nos cerca.

Meso-conhecimento é o conhecimento que adquirimos do nosso organismo físico, do nosso soma, do nosso corpo.

Auto-conhecimento se constitui no conhecimento que adquirimos do nosso organismo psíquico, da nossa alma ou consciência.

O Conhecimento inato é o conhecimento que trazemos conosco, contido na nossa alma ou na nossa psique ao ingressarmos na existência humana. Todo ser humano, independente de qualquer experiência sensível com o mundo, traz em maior ou menor grau este tipo de conhecimento embutido em sua consciência, desde seu nascimento, por isto pré-existente, denominado inato, que também é chamado de conhecimento a priori, independentes da experiência.

O Conhecimento Empírico é o conhecimento vulgar, ou do senso-comum, que se adquire por acaso, após inúmeras tentativas, através de ações não planejadas. Conhecimento empírico é aquele que se adquire através dos sentidos empíricos: visão, audição, gustação, etc.

O Conhecimento Filosófico se constrói através da reflexão, do raciocínio, das especulações sobre fenômenos, eventos ou acontecimentos, que busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo e a ultrapassagem dos limites formais da ciência convencional.

O Conhecimento gnóstico se constitui na última etapa do conhecimento, é a universidade do saber, o mestrado da consciência do saber, que é construído através dos Três Fatores de Revolução da Consciência, que não pode ser negado e confirmado, devido ao seu caráter genuinamente auto-demonstrável.

O Conhecimento Científico é o conhecimento racionalizado, sistemático, exato, comprovável, de caráter alo-demonstrável, por ser embasado na metodologia científica.

O Conhecimento Sistematizado é aquele que se constrói no sistema escolar através do exercício de ensino-aprendizagem, por meio de metodologias específicas.

O Conhecimento do Senso Comum é aquele que aprendemos fora da escola da vida, antes , durante e após a vida escolar. Ele é fruto da interação espontânea com a natureza e do inter-relacionamento espontâneo com os seres vivos do cosmos.

O Conhecimento Subjetivo, do ponto de vista gonoseolístico, é aquele que se correlaciona com a natureza subconsciente do ente humano, como ego.

O Conhecimento Objetivo, na visão gnoseolística, é aquele que se correlaciona com a realidade, com a nossa seidade interna, com a nossa consciência.

O Conhecimento Exotérico é o conhecimento que veicula publicamente aos estudantes de uma ordem mística, esotérica, etc.

O Conhecimento Mesotérico se constitui num conhecimento intermediário entre o exotérico e o esotérico.

O Conhecimento Esotérico é conhecimento interior, das hierarquias cósmicas, que se passa ao público interno de uma instituição mística, através de símbolos e parábolas, com a finalidade mantê-lo ocultado aos olhos profanos, do público exotérico.

O Conhecimento Pseudo-esotérico abunda na literatura da maioria dos livros expostos nas livrarias modernas. É um conhecimento veiculado através de uma literatura cormecializada, que se pretende ser exotérica, mas que na realidade não a é.
O conhecimento humano pode ser abordado de duas maneiras: antropocêntrica e holística. No modo antropocêntrico o conhecimento é fragmentado, ao considerar o homem como sendo o centro de tudo, que independe da teia da vida, que vive apartado de tudo, usando a natureza como um objeto descartável, degradando-a.

Na abordagem holística o conhecimento é integralizado em sua totalidade, ao considerar o homem como sendo apenas uma parte do universo, constituindo-se em apenas um elo da corrente da vida, que coexiste com os demais seres vivos e com a natureza, dentro de uma dinâmica harmônica, de modo simultâneo e interdependente.

O conhecimento superior se transmite através de quatro vertentes do saber, denominadas de as quatro colunas do conhecimento: Arte, Ciência, Filosofia e Mística. Cada estudante sequioso por conhecimento poderá desenvolver-se infinitamente ao longo dos sete raios do conhecimento: Política, Música, Liberdade, Força, Amor, Cura e Arte.

Há uma distinção entre Conhecimento intelectual e Sabedoria. Conhecimento é do ego, é a mente recheada de conceitos, de entendimento descritivo, externo, de natureza centrípeta, é a percepção através dos sentidos, e para sua aquisição requer-se apenas boa memória de retenção. Já Sabedoria é da consciência, é conhecimento praticado com reflexão, é de caráter centrífugo, nasce do coração iluminado, e para a sua aquisição se faz necessário parâmetros especiais de retidão,disciplina de vida, reto pensar, reto sentir e reto agir, ética, nível de ser e virtudes.

Todo educador significativo deve lutar para que a sua mensagem educativa atinja a consciência do educado, para que o conhecimento construído através do exercício do ensino-aprendizagem se transforme em real sabedoria, para que haja nestes uma real transformação para maiores níveis de seidade interna.

O conhecimento intelectual sistematizado, veiculado pelo sistema de ensino convencional, com sua natureza antropocêntrica, ao longo dos tempos vem direcionando o homem para a alienação da natureza, do trabalho, de si mesmo e dos outros. O conhecimento destituído de sabedoria, dissociado de compaixão, de afetos, conduz o homem ao automatismo, ao tecnicismo, deixando-o de coração vazio, sem capacidade de realizar um trabalho digno e satisfatório a serviço da vida e da cultura de paz, conduzindo-o a uma cultura de violência, a um viver vazio e profundamente infeliz.

A sabedoria holística conduz o homem à compreensão de um mundo orgânico, total vivo, espiritual e encantado. Ao passo que o conhecimento antropocêntrico leva o homem à noção de um mundo-máquina, composto de objetos distintos, desconexos, fragmentados.

O intelectualismo e o racionalismo científico excessivos promoveram ao homem a visão fragmentada e unilateral do todo, ao validar e valorizar apenas o método analítico, numa perspectiva reducionista, ditada por uma ciência materialista, determinista, destruidora.

O conhecimento no Terceiro Milênio, época da mundialização, em que cada parte do mundo faz cada vez mais parte do mundo, onde o mundo em sua totalidade estará cada vez mais presente em cada uma de suas partes. Vivemos numa época de inteiração dos saberes, onde não há mais lugar para dissociação do conhecimento.

O paradigma holístico do conhecimento humano, se constitui numa onda de integração das partes do conhecimento, uma verdadeira onda holística, que integra o saber numa realidade humana, que integra a subjetividade e objetividade num regime de interdependência, compreendendo que a dissociação deles se torna muito maléfica. Para o ser holístico, objetividade e subjetividade são aspectos complementares, imbricadas num regime de interdependência.

O conhecimento convencional de natureza antropocêntrica positivista/reducionista privou o homem da aceitação e da compreensão de que somos seres holísticos, sujeitos integrados com o cosmos, imbricados na razão e na emoção, onde não há lugar para a fragmentação e nem dissociação dos saberes.

O conhecimento só tem valor para um estudante quando o ajuda-a a construir a sua humanização, a partir de sua inserção neste mundo material, através do cultural e do social. O ensino deve ser direcionado a ajudar o candidato à humanidade a se tornar humano, ao apropriar-se da cultura já acumulada pelas gerações anteriores.

O estudante de perfil holístico compreende que os tipos de conhecimentos, aparentemente antagônicos, são na realidade de natureza mutuamente complementares. Todos os conhecimentos objetivam a verdade, mas nenhum conhecimento é superior a verdade.

A palavra conhecimento, em latim significa ciência e, em grego, tem dois sentidos: episteme, para o saber intelectual e Gnosis, para o saber espiritual. Na realidade, já temos ai uma fragmentação do saber. Na verdade, o conhecimento intelectual e o conhecimento espiritual são componentes do mesmo saber, da mesma ciência, que se traduzem no conhecimento da substância protocósmica.

A substância protoplasmática sai do Universo Absoluto, como unidade e se desdobra, no Universo Relativo, em luz, energia e massa, segundo o Teorema da Conservação da Energia de Lavoisier: "Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Este teorema foi matematicamente equacionado por Albert Einstein, através da fórmula E = MC2 ( Energia é igual à massa, multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado ).
Massa, energia e luz, derivadas da substância protoplasma, se constituem na mesma coisa, em estado de freqüência vibratória diferente. A freqüência vibratória da energia é maior que massa e menor que freqüência da luz.

Pela equação de Einstein, se comprovou cientificamente que a massa pode se converter em energia, e a energia se converter em luz e vice-versa. Então, Einstein deu base para se acabar com a briga entre espiritualistas e materialistas. Pois ambos são crentes de aspectos complementares; uma vez que energia é a mediadora entre a massa (matéria) e a luz (espírito).

Portanto, o aprendiz, discípulo ou aluno que dirige a sua aprendizagem só para o material, ou só para o espiritual, é reducionista e fica sabendo só uma parte da verdade. O aluno que busca conhecer matéria, energia e luz, possui um perfil holístico e encontra a verdade, pois esta está no todo e não só na parte.

A palavra aluno, derivada do latim de lumno, significa etimologicamente aquele que ainda não possui a luz: a = não; luno = luz. A palavra conhecimento toma o sentido de consciência e consciência é luz. Portanto que tem o conhecimento tem a luz, pode ensinar alguém, iluminar. “Eu sou a luz do mundo” (Jô 8.12). João, porém, declarou: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jô 1.5, Ed. Revista e Corrigida). “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras”. (João 3.19-20).

Milhares de estudantes gnósticos, que estudaram, pesquisaram e vivenciaram a gnose, ao longo dos tempos, quando a gnose estava instituída, voltaram às suas ordens místicas de outrora, semelhante à Fábula do Peixinho, para cumprir a profecia da colheita zero.

Fábula do Peixinho – Havia um peixinho, que morava num determinado Rio e era sequioso, havido por conhecer o Oceano. Então ele se dispôs a nadar.....ia nadando, nadando, o tempo ia passando e nada de encontrar o Oceano. Já havia passado muito tempo, já cansado, eis que avistou um peixe mais velho, com aparência de Mestre.

– Senhor peixe velho, o senhor que parece ter tanta sabedoria, poderia dizer onde fica o Oceano?
- Sim meu caro peixinho, eu posso dizer. Mas antes você poderia me dizer a razão pela qual quer tanto conhecer o Oceano? -

Eu sei que no Oceano eu poderei e vivenciar o todo da água. No Rio, eu só poderei conhecer uma parte!
- Muito bem senhor peixinho, eu sinto muito em dizer que você já está nadando no Oceano há muito tempo.
- Obrigado Peixe velho, eu vou embora, vou continuar procurando o Oceano, eu me enganei a seu respeito, você é um bobo, não é um sábio!

O Peixinho indignado deu meia volta e partiu para sempre. Certamente ele vem passando, na volta, pelo mesmo lugar que passara na ida; e está procurando o Oceano até hoje. Nem se quer ele desconfia que estivera lá no Oceano e não o reconhecera, devido à falta de percepção, de maturidade, de compreensão.

Cada ordem religiosa, esotérica ou mística representa tão somente um Rio, no Oceano do conhecimento espiritual. Cada religião e cada ordem mística detém apenas uma parte da verdade. Toda religião é verdadeira, mas não é superior à verdade em si mesma. "Cada religião é uma pérola engastada no colar da divindade" (Samael Aun Weor).

O conhecimento epistêmico, do nosso sistema escolar convencional e o conhecimento gnóstico, dos sistemas religiosos, são complementares e interdependentes. Da mesma forma, holisticamente falando, ao bem da verdade, as religiões não são oposições e sim complementares entre si, isto é, uma possui exatamente o que falta na outra.

Os sufixos ismo e ia, designam partes, em oposição a holos que designa o todo. Holisticamente falando, embasado na perspectiva holosótica, sabemos com toda veracidade, que a verdade, a realidade dos fatos, não está nas partes, fragmentada pela perspectiva mecanicista; mas sim nas partes e também no todo. Deste modo Jesus Cristo, Sidarta Gautama Budha, São Francisco de Assis, Zoroastro, etc., são partes de um todo (Deus). Do mesmo modo budhismo, zoroastrismo, cristianismo, catolicismo, protestantismo, teosofia, antroposofia, etc., são partes de um todo, representam parte do holismo crístico.

Matematicamente se chega à verdade, ao promover a união ou a intersecção dos conjuntos envolvidos na situação. Da mesma forma, se chega à verdade mística, ao reunirmos as milhares de religiões ou ordens místicas ou fazer a intersecção, a síntese entre elas. Pegando aquilo que elas possui em comum. Na parte comum, todas as religiões deveriam possuir os Três Fatores de Revolução da Consciência. Como não possuem, o que se tem verificado ao longo da história, são verdadeiras brigas entre elas. Ao ponto delas haverem matado mais gente e promovido mais violência que todas as guerras mundiais juntas.

Quando cada religioso, dentro de si, passa da visão mecanicista à visão holística, compreende, que Deus não aqui ou ali, em cima no Céu, ou embaixo, na Terra, nesta ou naquela religião; mas que Deus está aqui e também ali, em cima e também em baixo, nesta e também naquela religião. Porque Deus está em toda parte, em tudo, pois é onipresente.

O que me dá a falsa ilusão, de que minha igreja é a melhor, que minha religião é a única verdadeira, que meu time é infalível, etc., é a minha falta de uma visão holística; devido ao meu ego hipertrofiado, robustecido pela visão mecanicista. O dia em que despertarmos a nossa consciência, iremos perceber que cada religião é um rio, que se conduz para o mesmo oceano do conhecimento; que toda religião possui uma parte do conhecimento, uma parte da gnosis. E que cada religião tem a função de religar o seu adepto à totalidade do saber, assim como o rio conduziu o peixinho até ao oceano.

Para sair do mundo fragmentado das partes em nos encontramos, que engendra-nos a separitividade, nos impondo o isolamento em uma parte, em uma religião, em um partido, etc., precisamos de sabedoria, compreensão e consciência, para mergulharmos no universo holístico do todo.

Quantas vezes já ouvimos estes ditados populares: "estou o olhando, mas não estou vendo." "Estou entendendo, mas não estou compreendendo." Olhar é diferente de ver, podemos olhar com os olhos, mas só podemos ver com a consciência. Consciência é a ferramenta da nossa alma, que percebe e registra os fenômenos. O olhar é superficial, fica registrado apenas no subconsciente, no ego. O ver é profundo, pois fica registrado na consciência. O ver nos leva ao entendimento, ao conhecimento, enquanto que o olhar nos conduz à compreensão, à sabedoria. O sabido vislumbra o rio do entendimento, enquanto que o sábio olha e contempla o oceano da sabedoria.

Qual a diferença entre conhecimento e sabedoria? O conhecimento é superficial e a sabedoria é profunda. Conhecimento é o entendimento de alguma coisa, enquanto que sabedoria é a compreensão do conhecimento, é a prática do conhecimento. Por exemplo, hipoteticamente, um professor de biologia poderá dar uma aula de DST e drogas aos seus alunos. Na exposição ele poderá dizer que há muitos tipos de drogas, que o usuário de drogas perde a saúde, e que paralelamente atentas doenças que aparece, ele poderá perder a potencialidade sexual. Pode ser que há ali algum usuário, que prestou atenção na aula, fez anotações, efetuou avaliação e tirou uma nota boa na prova. O que denota que este aluno se apropriou do de um conhecimento sobre drogas. Entretanto, na prática, ele continua usando-a, o que denota que não compreendeu, não se tornou sábio. Por outro lado, podia haver por ali outro aluno, também usuário de drogas, que ouvia atentamente a palestra; mas com dificuldade fez a prova, tirou até uma nota baixa. Porém, na prática, compreendeu o seu estado deplorável e deixou de usar drogas. O que denota que se conscientizou, compreendeu, se tornou sábio. O que nos permite dizer que sabedoria é o conhecimento praticado.

O conhecimento gnóstico é dirigido à nossa consciência, enquanto que o conhecimento epistêmico adentra ao nosso subconsciente. O conhecimento gnóstico, diferentemente do conhecimento epistêmico, não é para ser debatido e muito menos, polemizado; ele é para ser compreendido. Onde há compreensão, não há discussão.

O Dr. Samael nos ensinou, que ao entrarmos em contato com uma fonte de conhecimento, não precisamos rechaçar e nem aceitar de imediato. Devemos, com calma, mais tarde, analisar, ponderar e tirar uma conclusão, com sabedoria. O que denotaria que houve compreensão e onde há compreensão, não aceitação e nem rechaçamento.

A função década religião enquanto rio seria o de religar os seus adeptos ao oceano, por meio da veiculação de um conhecimento gnoseolistico da axiologia dos valores universais. Pois a prática de vida evidencia a todos nós, que às vezes encontramos muitos religiosos sem religiosidade alguma e, pessoas sem religião nenhuma, revestidas de reliogisidade.

Cada estudante, de qualquer ordem religiosa ou mística, busca na sua igreja, um lugar com condições apropriadas para a elevação de seu estado místico; por infelizmente ainda não possuir este estado, em outro lugar qualquer fora da igreja; devido ao seu perfil reducionista sente-se desconectado do todo (Deus). O dia que este estudante passar do perfil mecanicista ao holístico, como São Francisco de Assis, sentir-se-á parte do todo (Deus) em todos os lugares, em todas as coisas.

Não devemos acreditar num conhecimento que nos desconecte do todo e nos induza a o sentimento de separatividade. "Não acrediteis numa coisa apenas por ouvir dizer. Não acrediteis na fé das tradições só porque foram transmitidas por longas gerações. Não acrediteis numa coisa só porque é dita e repetida por muita gente. Não acrediteis numa coisa só pelo testemunho de um sábio antigo. Não acrediteis numa coisa só porque as probabilidades a favorecem ou porque um longo hábito vos leva a tê-la por verdadeira. Não acrediteis no que imaginastes, pensando que um ser superior a revelou. Não acredite em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores. Mas, aquilo que vós mesmos experimentastes, provastes e reconhecestes verdadeiro, aquilo que corresponde ao vosso bem e ao bem dos outros - isso deve aceitar (Sidarta).

Links importantes para aprofundamento, contendo vídeos e textos:

01. Tipos de conhecimentos
02. O conhecimento
03. Onde encontrar a sabedoria
04. A sabedoria dos maias
05. Conhecimento é luz
06. O holismo transcendental

Livros do Prof. Maurício